O setor agropecuário é um dos pilares da economia brasileira, e garantir o financiamento adequado para suas atividades é essencial para o seu crescimento sustentável. Nesse contexto, surge o Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), uma ferramenta financeira inovadora que vem ganhando cada vez mais destaque.
O CRA tem como principal objetivo facilitar o acesso ao crédito para produtores rurais, cooperativas e empresas do agronegócio, ao mesmo tempo em que oferece aos investidores uma oportunidade de diversificação em seus portfólios.
Neste artigo, vamos explorar o que é o CRA Agro, como ele funciona, suas principais vantagens e os riscos envolvidos, além de compará-lo com outro título semelhante, o CRI (Certificado de Recebíveis Imobiliários). Ao final, você entenderá como essa modalidade pode ser um diferencial no financiamento do agronegócio e como ela beneficia todos os envolvidos no processo.
O que é CRA agro?
O CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócio) é um título financeiro emitido por instituições securitizadoras para financiar o setor agropecuário. Ele representa uma alternativa para captação de recursos para produtores rurais, cooperativas agropecuárias e empresas do agronegócio, permitindo que o capital chegue diretamente aos agentes do setor, sem a necessidade de recorrer a grandes instituições financeiras.
Esses certificados são lastreados em direitos creditórios originados de transações realizadas entre os produtores ou suas cooperativas e terceiros. Em termos simples, é uma maneira de securitizar créditos de uma atividade essencial, como a produção e comercialização de produtos agropecuários.
Vantagens do CRA agro
Veja abaixo os principais benefícios que tornam o CRA uma solução atrativa para financiar a produção agropecuária e promover o crescimento do setor.
Financiamento mais vantajoso
O CRA oferece condições de financiamento mais acessíveis e atrativas em comparação com os tradicionais empréstimos bancários, o que facilita o acesso ao crédito para produtores rurais e empresas do setor agropecuário.
Diversificação para investidores
Como um instrumento financeiro, o CRA proporciona uma oportunidade de diversificação no portfólio dos investidores, permitindo que eles invistam em recebíveis originados do agronegócio, setor com grande potencial de crescimento.
Redução de custos para o tomador de crédito
Ao possibilitar uma maior concorrência no mercado financeiro, o CRA ajuda a reduzir os custos de financiamento, o que beneficia diretamente o tomador de crédito, resultando em uma melhor relação de custo-benefício.
Acesso a novos mercados financeiros
Os emissores do CRA, como os produtores rurais e cooperativas, têm a chance de acessar novos mercados financeiros, o que amplia suas opções de financiamento e cria visibilidade positiva para futuras negociações.
Promoção de uma concorrência saudável
O CRA incentiva a concorrência livre entre investidores e fontes de crédito, evitando a dependência de grandes instituições financeiras, o que fortalece o mercado e aumenta as oportunidades para todos os envolvidos.
Incentivo ao setor agropecuário
O CRA contribui para o desenvolvimento do agronegócio, ajudando a financiar a produção, comercialização, beneficiamento e industrialização de produtos agropecuários, impulsionando o crescimento e a sustentabilidade do setor.
Tipos e custos do CRA agro
O CRA agro pode ser estruturado de diferentes formas, de acordo com a natureza dos contratos envolvidos e a característica dos devedores. Os principais tipos de estrutura são:
- Pulverizado: Quando os contratos envolvem diversos devedores, como produtores rurais ou pequenas cooperativas. É comum em contratos de fornecimento de insumos agrícolas, serviços para atividade agropecuária, entre outros.
- Corporativo: Quando há uma empresa como principal devedora. Esse tipo é utilizado, normalmente, para financiar a produção, operação comercial ou manutenção de maquinário.
Além disso, os custos da operação estão ligados a indexadores financeiros e podem variar conforme a tendência do mercado. Os principais indexadores são:
- CDI: Preferido em um cenário de queda de juros.
- CDI + spread: Usado quando se espera uma queda de juros.
- Índices de preços (IGPM, IPCA): Recomendados para operações de longo prazo.
- Taxa Pré-fixada: Ideal em cenários de alta dos juros.
Tipos de oferta e riscos envolvidos no CRA agro
O CRA pode ser oferecido de diferentes formas no mercado, com base na regulamentação da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). As duas modalidades mais comuns são:
- CVM 400: A oferta pública regular, com prospecto e registro obrigatório na CVM. Permite que um grande número de investidores participe da compra do CRA, sem exigir que sejam qualificados.
- CVM 476: A oferta pública restrita, com esforços para investidores profissionais. Nesse caso, o número de investidores é limitado e a liquidez pode ser menor, visto que as negociações ficam restritas a investidores qualificados.
Quanto aos riscos associados, destacam-se:
- Risco de Mercado: Flutuações de mercado que impactam o custo da emissão.
- Risco de Liquidez: Dificuldade em vender ou transferir o título no mercado secundário.
- Risco de Crédito: Caso a empresa tomadora não pague o crédito conforme o acordo, os investidores podem ter perdas financeiras.
CRA e CRI: Qual a diferença?
Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA) funcionam de maneira semelhante, ambos sendo usados para securitizar recebíveis e permitir que as empresas captem recursos de maneira eficiente.
A principal diferença entre eles está na origem dos recebíveis. O CRI está vinculado ao mercado imobiliário, enquanto o CRA é voltado para o agronegócio. Ambos possuem regulamentação específica pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), com regras próprias que envolvem os tipos de investidores e condições de emissão.
Conclusão
Os Certificados de Recebíveis do Agronegócio são uma solução financeira eficiente para o setor agropecuário, oferecendo vantagens tanto para os tomadores de crédito quanto para os investidores.
Com diferentes estruturas de emissão, tipos de oferta e riscos envolvidos, o CRA se apresenta como uma alternativa interessante aos tradicionais financiamentos bancários, promovendo maior concorrência e transparência no mercado. Sua importância cresce cada vez mais, especialmente em um cenário de expansão do agronegócio no Brasil.
(Resposta: O CRA Agro é um título financeiro emitido por instituições securitizadoras com o objetivo de financiar o setor agropecuário, baseado em direitos creditórios originados de negócios entre produtores rurais ou suas cooperativas e terceiros.)