Obra de guimarães rosa resiste ao tempo e continua a inspirar

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João Guimarães Rosa, um dos pilares da literatura brasileira e autor do aclamado “Grande Sertão: Veredas”, deixou um legado marcado por uma linguagem singular, que mescla elementos populares e regionais. Mesmo 58 anos após seu falecimento, a saga de Riobaldo e Diadorim reverbera com notável atualidade, consolidando-se como leitura essencial em escolas e vestibulares. Além de sua maestria literária, Rosa também exerceu as profissões de médico e diplomata.

Flávio Carneiro, renomado professor de literatura brasileira da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, destaca a perene relevância da obra de Guimarães Rosa: “Um clássico é aquele livro que nunca terminou de dizer o que tinha a dizer. Ao reler um clássico, descobrimos nuances que nos haviam escapado em leituras anteriores. A obra de Guimarães Rosa, inegavelmente clássica, continua a nos interpelar e a oferecer novas perspectivas.”

A narrativa acompanha a trajetória do ex-jagunço Riobaldo, que expõe os intricados conflitos do sertão e revela sua intensa paixão por Diadorim. A obra mergulha nas profundezas da alma humana, explorando emoções como sofrimento, violência e alegria. Flávio Carneiro ressalta a importância do livro, que foi traduzido para diversos idiomas e publicado em vários países. “O que torna a obra inovadora é a linguagem absolutamente original, bem como a forma como Rosa explora os opostos, colocando-os lado a lado sem estabelecer julgamentos sobre o certo e o errado”, afirma o professor.

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Juntamente com Clarice Lispector, Guimarães Rosa é considerado um dos expoentes da terceira fase do Modernismo brasileiro. Carneiro explica que os autores desse período se destacaram pela ousadia na linguagem. Enquanto Clarice Lispector desenvolveu uma literatura mais introspectiva, Guimarães Rosa enveredou por caminhos mais místicos.

O professor também destaca o talento de Guimarães Rosa como contista, mencionando “Primeiras Estórias” como uma obra de grande destaque. “Os contos exploram a ideia do surpreendente, do que é vivenciado pela primeira vez, despertando um sentimento de maravilhamento. É um livro que aborda a loucura, o encantamento e a poesia”, comenta.

Em reconhecimento à relevância e complexidade de sua obra, Guimarães Rosa foi eleito para a Academia Brasileira de Letras em 1963, vindo a falecer apenas três dias após tomar posse de sua cadeira.

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