Países estão 63% atrasados nas metas de desmatamento antes da cúpula da ONU

O mundo está 63% atrasado nas metas de desmatamento antes da cúpula da ONU, com incêndios e expansão agrícola pressionando florestas tropicais.

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O mundo segue muito distante das metas estabelecidas para conter o desmatamento, com novas informações indicando que os países estão 63% atrás dos objetivos globais, a poucas semanas de uma cúpula climática importante da ONU na Amazônia brasileira. Segundo a Avaliação da Declaração sobre Florestas de 2025, divulgada recentemente, cerca de 8,1 milhões de hectares de florestas foram permanentemente destruídos apenas em 2024, uma área próxima ao tamanho da Inglaterra.

Os incêndios florestais se destacam como a principal causa dessa perda, sendo responsáveis por 6,73 milhões de hectares da área destruída, com a floresta amazônica sofrendo impactos particularmente severos. Estima-se que a região tenha liberado quase 800 milhões de toneladas de CO2 apenas em 2024, quantidade equivalente às emissões anuais de países industrializados como a Alemanha.

“Anos marcados por grandes incêndios costumavam ser raros, mas agora se tornaram comuns. Grande parte desses incêndios é provocada por ações humanas”, explicou Erin Matson, autora principal da avaliação coordenada pela Climate Focus. Segundo ela, esses incêndios estão ligados diretamente ao desmatamento, à seca intensificada pelas mudanças climáticas e à fiscalização insuficiente.

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A avaliação também aponta que a expansão agrícola é responsável por 86% do desmatamento global na última década. O Brasil lidera a perda de florestas tropicais, enquanto a Bolívia registrou um aumento de 200% na destruição de suas florestas em 2024, mostrando que o problema se espalha por diferentes regiões da América Latina.

O cenário preocupante chega às vésperas da COP30, Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que acontecerá de 10 a 21 de novembro em Belém, marcando a primeira vez que o evento ocorre no coração da Amazônia. A localização estratégica e o momento da cúpula geram expectativas de que ela possa ser um ponto de inflexão nos esforços de preservação florestal.

O Brasil planeja apresentar o Tropical Forest Forever Facility, um fundo de US$ 125 bilhões destinado a pagar países com florestas tropicais para preservar suas áreas. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou em setembro a contribuição inicial de US$ 1 bilhão, com expectativa de distribuir US$ 4 bilhões anualmente para mais de 70 nações em desenvolvimento. Cerca de 20% dos recursos seriam destinados diretamente a povos indígenas e comunidades locais, fortalecendo a proteção ambiental e social.

Os dados recentes deixam claro que o mundo ainda está longe de cumprir a Declaração dos Líderes de Glasgow sobre Florestas e Uso da Terra de 2021, apoiada por mais de 140 países e cobrindo aproximadamente 90% das florestas globais, ressaltando a urgência de ações efetivas.

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