Para virar o jogo da hering, grupo soma aposta em novo ceo

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Quatro anos após ser adquirida pelo Grupo Soma, a Hering enfrenta desafios para atingir seu potencial máximo. No mais recente balanço trimestral, a marca de vestuário básico apresentou o desempenho mais fraco dentro do grupo, que também detém marcas como Arezzo, Farm, Schutz e Reserva.

A receita da Hering registrou uma queda de 4,2%, impulsionada pela retração de 6,5% no sell-in, impactada pela diminuição de 16,5% nas vendas para as franquias em comparação com o ano anterior. Este é o segundo trimestre consecutivo em que a Hering reporta queda nas vendas para as franquias, com a empresa buscando reduzir os estoques de seus franqueados em um cenário de vendas mais lentas.

Diante desse cenário, o Grupo Soma anunciou uma mudança estratégica na liderança da Hering. David Python, que já integrou o grupo entre 2010 e 2017, retorna para assumir o cargo de CEO, substituindo Thiago Hering, neto do fundador da marca, que deixou a posição há cerca de um mês.

Python, engenheiro de produção com experiência na McKinsey, onde conheceu o atual chairman da Azzas, Nicola Calicchio, também é fundador da Cariuma, marca de calçados sustentáveis que está sendo adquirida pela Azzas em uma transação que visa integrar Python e seu co-fundador, Fernando Porto, à equipe da Hering. Porto assumirá o cargo de chief creative officer (CCO).

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David Python destacou que trabalhará em conjunto com Fernando Porto e Gustavo Fonseca, COO do Grupo Soma há cinco anos, em um modelo de gestão colaborativa.

A Cariuma, fundada em 2018, se destaca pela produção de tênis casuais e de skate com materiais sustentáveis, com 60% de suas vendas direcionadas ao mercado dos Estados Unidos. O crescimento da empresa foi impactado pela pandemia e pelas tarifas de Donald Trump, o que levou os fundadores a buscarem um parceiro estratégico.

Durante seus sete anos no Grupo Soma, Python atuou diretamente com o fundador Anderson Birman, com foco em franquias, e posteriormente como CEO da Schutz por três anos, liderando o go to market da marca. Em seguida, ocupou o cargo de vice-presidente comercial da holding por mais três anos.

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À frente da Hering, David Python planeja focar em dois objetivos principais a curto prazo: melhorar a margem bruta e o retorno sobre o capital empregado (ROIC).

Segundo o executivo, será realizado um trabalho estrutural no ciclo operacional, abrangendo compra e fabricação. Ele pretende integrar e tornar mais previsíveis os processos de compra, produção e montagem de coleções, buscando também aproveitar a inteligência dos franqueados.

Uma das mudanças implementadas será a inversão da lógica de produção. Anteriormente, a Hering encomendava ou produzia seus produtos para, posteriormente, vendê-los aos franqueados. Agora, o sell-in será priorizado, com a produção sendo iniciada após a venda, visando evitar riscos de ruptura e de acúmulo de estoque.

Outra medida imediata é a transferência de toda a equipe C-Level da Hering para Blumenau, onde estão localizadas as fábricas, com o objetivo de agilizar e otimizar as decisões. Python ressaltou que o redesenho dos processos será um trabalho estruturante, com previsão de conclusão no primeiro semestre do próximo ano.

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Apesar dos desafios da Hering, o Grupo Soma apresentou um desempenho trimestral em linha com as projeções do mercado, com receita líquida de R$ 2,968 bilhões, EBITDA de R$ 476 milhões e lucro líquido de R$ 201 milhões.

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