Pequenos negócios globais enfrentam desafios e ajustam estratégias comerciais

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Pequenas empresas ao redor do mundo têm sentido o impacto das constantes mudanças nas políticas comerciais. Produtores de chá no Japão, fabricantes de sapatos no Canadá e chocolatiers no México, entre outros, precisaram se adaptar a um cenário de incertezas que afeta diretamente suas estratégias, preços, logística e investimentos.

Algumas dessas empresas, operando com margens reduzidas, questionam ou mesmo suspendem seus planos de expansão em mercados importantes. A comunicação com os clientes, especialmente nos Estados Unidos, tornou-se crucial para explicar os ajustes necessários e manter a fidelidade.

Uma empresa de roupas sueca, por exemplo, alertou seus clientes nos EUA sobre possíveis aumentos de preços devido ao fim da isenção de minimis, que permitia a entrada de mercadorias de menor valor sem tarifas. A medida gerou um aumento nas vendas antes do prazo, mas a empresa precisou absorver parte dos custos, admitindo que, no futuro, um reajuste nos preços será inevitável para compensar as perdas. A empresa, que já viu as vendas no país caírem, teme que os consumidores evitem comprar de marcas europeias por receio de tarifas e taxas alfandegárias.

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No Canadá, uma fabricante de sapatos informou seus clientes americanos sobre a mudança no envio de produtos, passando a utilizar suas lojas nos EUA como ponto de partida. Um aumento de preços entre US$ 10 e US$ 30 foi aplicado tanto nos Estados Unidos quanto no Canadá. Diante da instabilidade, a empresa optou por pausar seus planos de expansão em território americano, aguardando um cenário mais favorável.

No Brasil, uma produtora de café viu seus pedidos americanos diminuírem drasticamente após a imposição de uma tarifa de 50%. A revogação da tarifa traz um alívio, mas a cautela persiste. A empresa espera que o mercado se estabilize e que os clientes americanos retomem os pedidos. Uma empresa na Califórnia, que planejava importar o café brasileiro, agora busca viabilizar a importação o mais rápido possível, mas mantém um plano de contingência caso novas mudanças ocorram.

Para um produtor japonês de matcha, o fim da isenção de minimis resultou em uma tarifa de 15% sobre seus envios aos Estados Unidos. A solução encontrada foi criar uma subsidiária nos EUA para importar e distribuir o chá, absorvendo a tarifa para os consumidores americanos. No entanto, alguns clientes americanos suspenderam as compras devido aos custos adicionais. Outra empresa, importadora de matcha japonês, teve um aumento significativo nos custos devido às tarifas e enfrentou atrasos nas entregas, resultando em prejuízos consideráveis.

Um produtor de chocolate mexicano, diante da complexidade e das constantes mudanças nas regras comerciais entre México e Estados Unidos, suspendeu seus envios aos EUA. A dificuldade em cumprir com as exigências de rotulagem, documentação e registro, que mudavam frequentemente, inviabilizou as operações. A alternativa encontrada foi sugerir que os clientes americanos comprassem seus produtos por meio de uma varejista canadense, enquanto os planos de venda em lojas nos EUA permanecem suspensos.

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Para uma varejista dinamarquesa de acessórios, erros relacionados a tarifas têm gerado custos inesperados. Bolsas enviadas aos EUA foram classificadas incorretamente como produzidas na China, resultando em tarifas mais altas do que as devidas. A empresa aumentou os preços para clientes americanos em cerca de 20% e alguns consumidores estão buscando alternativas, como a compra de produtos vintage, para evitar os altos custos.

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