“Pode passar junto?” A nova tática de golpistas nos caixas dos supermercados
Golpistas usam histórias emocionais para enganar consumidores em caixas de supermercados e revendem produtos de alto valor após aplicar o golpe.

O golpe no caixa dos supermercados tem se espalhado rapidamente em diversas cidades do Brasil, preocupando tanto consumidores quanto funcionários. À primeira vista, parece um simples pedido de ajuda, mas na verdade trata-se de um esquema criminoso bem elaborado, que se aproveita da empatia e distração das pessoas para obter vantagem financeira.
A ação ocorre de forma sutil, no momento em que o cliente está concentrado em pagar suas compras. É nesse instante que o golpista se aproxima, com um discurso comovente e convincente, pedindo ajuda para adquirir um produto “essencial”.
O método é simples, mas altamente eficaz. Enquanto o consumidor aguarda na fila, uma pessoa se aproxima se passando por um pai, mãe ou alguém em situação de vulnerabilidade. O pedido costuma ser direto: “Pode passar esse produto junto com suas compras?”. O item, geralmente de alto valor, é algo que desperta empatia — leite infantil, fraldas ou produtos de higiene pessoal.
O golpista mostra rapidamente o produto, cobrindo parte da embalagem, e tenta convencer a vítima com uma história emocionante, como uma criança passando fome ou uma mãe desesperada.
Movido pela boa vontade, o cliente aceita ajudar e o caixa registra o produto normalmente. O problema é que o funcionário, por política da loja, não pode interferir ou alertar o consumidor. Assim, a compra é finalizada e o golpe se concretiza. Só ao chegar em casa, ao conferir a nota fiscal, a vítima percebe que pagou por um produto caro e que foi enganada.
Itens mais usados nesse tipo de golpe:
- Leites especiais para crianças (entre R$ 60 e R$ 80);
- Fraldas de marcas premium;
- Shampoos e cosméticos caros;
- Produtos de limpeza de alto valor.
O esquema, contudo, não termina no caixa. Após sair do supermercado, o golpista revende os produtos, muitas vezes por menos da metade do preço. Um leite comprado por R$ 70 é vendido por cerca de R$ 25 nas ruas. Esse dinheiro costuma ser usado para sustentar vícios ou até outras práticas criminosas. Há casos em que grupos organizados se dividem em funções: quem aborda, quem carrega e quem revende, formando uma pequena rede de exploração.
Outro ponto grave é o envolvimento indireto de quem compra esses produtos vendidos de forma suspeita. Mesmo sem saber, essas pessoas acabam financiando o crime, pois alimentam a cadeia que começa dentro dos supermercados e termina nas calçadas.
Para evitar cair nesse tipo de situação, especialistas em segurança recomendam atenção redobrada. Nunca pague produtos de desconhecidos, desconfie de histórias tristes contadas em filas e confira sempre sua nota fiscal. Se presenciar algo suspeito, o ideal é avisar discretamente o segurança ou o gerente da loja.
A empatia é um valor essencial, mas deve vir acompanhada de cautela. Ajudar o próximo é importante, mas não às custas de ser enganado. O golpe no caixa dos supermercados mostra como a boa fé pode ser facilmente explorada, reforçando a necessidade de atenção e informação para evitar prejuízos.