Por que a literatura é essencial na nossa vida?

Você já se perguntou se a literatura é realmente necessária? Afinal, ela não constrói pontes, não ergue edifícios e tampouco resolve problemas como a fome ou doenças. À primeira vista, pode parecer algo “inútil”. No entanto, ao observarmos mais de perto, percebemos que a literatura exerce um papel profundo e transformador, atuando não no mundo físico, mas dentro de cada pessoa. Ela molda pensamentos, desperta consciências e amplia horizontes de forma silenciosa, porém duradoura.

A literatura não serve a uma função prática e imediata, como as ferramentas ou as invenções tecnológicas. Ela não transforma o ambiente ao nosso redor — transforma o que há dentro de nós. Quando lemos, passamos a enxergar o mundo com outros olhos. As palavras, quando bem organizadas, despertam ideias, e são justamente as ideias que movem a sociedade. Mesmo que muitas vezes pareça que o que impulsiona o mundo sejam ações ou bens materiais, é sempre o pensamento que está na origem de tudo. E é nesse ponto que a literatura se torna essencial.

Mais do que um simples meio de entretenimento, ela é a expressão máxima da linguagem humana. Através dela, aprendemos a pensar melhor, a compreender melhor e a nos comunicar melhor. A educação baseada na leitura literária não apenas aprimora o domínio da língua portuguesa, como também expande nossa capacidade de reflexão e interpretação da realidade. Ler é um exercício mental que amplia a mente e afina a sensibilidade.

A diferença entre quem tem contato com obras literárias e quem não tem é enorme. O leitor frequente desenvolve um vocabulário mais rico, uma argumentação mais sólida e uma visão mais ampla do mundo. Essa evolução não é apenas intelectual, mas também emocional e psicológica, pois quem lê aprende a nomear melhor suas emoções e a compreender a complexidade das relações humanas.

O escritor argentino Julio Cortázar afirmou que “a literatura é a conquista verbal da realidade”. Por meio dela, conquistamos novos mundos e exploramos percepções diferentes. Ela quebra a automatização do cotidiano e nos faz enxergar o que antes passava despercebido. Cada história lida nos faz viver outras vidas — de reis, operários, vilões, santos, bailarinas — e isso desperta em nós empatia, compreensão e humanidade.

No fim, a literatura se mostra indispensável justamente porque toca os limites da existência humana. Ela aborda o amor, o medo, a guerra, o riso, a tragédia e a morte — temas universais que fazem parte da nossa condição. Longe de ser inútil, a literatura é uma das formas mais poderosas de transformação pessoal e social. Ela nos torna mais humanos, conscientes e sensíveis às histórias que compõem o mundo.