Por que montadoras fogem de terras raras chinesas em motores?

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Em uma busca por independência e estabilidade, montadoras nos Estados Unidos e na Europa estão intensificando seus esforços para encontrar alternativas aos ímãs de terras raras utilizados em motores elétricos. A iniciativa surge como resposta à dominância da China na extração e processamento desses metais, o que representa um considerável risco estratégico para a indústria automobilística.

Grandes nomes como BMW e GM, além de diversas startups, estão investindo em testes com motores que não dependem de elementos como neodímio, disprósio ou térbio. Paralelamente, pesquisadores exploram a criação de materiais exóticos e sintéticos, incluindo compostos encontrados até mesmo em meteoritos, tudo com o objetivo de garantir a continuidade da produção, reduzir custos e fortalecer a resiliência da tecnologia automotiva diante de crises globais e tensões geopolíticas.

A busca por novas tecnologias e materiais é motivada pela presença indispensável dos ímãs de terras raras em diversas peças automotivas, desde motores de limpadores de para-brisa até mecanismos de ajuste de bancos. No entanto, a crescente popularidade de veículos elétricos e híbridos, que dependem crucialmente de ímãs feitos de neodímio, disprósio e térbio, tem intensificado a preocupação com o controle chinês sobre esses metais. A China, por sua vez, já utilizou seu quase monopólio como ferramenta diplomática, restringindo exportações em resposta a medidas comerciais de outros países.

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Diante desse cenário, a instabilidade no fornecimento tem impulsionado uma corrida por alternativas. Startups como a Conifer estão desenvolvendo motores compactos que dispensam as terras raras, inicialmente focados em veículos de duas rodas. Pesquisadores da Northeastern University estão sintetizando materiais magnéticos exóticos, como a tetrataenita, encontrada em meteoritos. O Departamento de Energia também apoia ativamente a pesquisa e incentiva o uso de inteligência artificial para acelerar a descoberta de novos ímãs.

As montadoras adotam duas estratégias principais: buscar fontes de terras raras fora da China ou desenvolver componentes que não necessitem desses metais. A GM, em parceria com a MP Materials, extrai terras raras na Califórnia e constrói uma refinaria no Texas. A BMW, por outro lado, investe em motores que criam o campo magnético necessário para o funcionamento do veículo por meio de correntes elétricas, eliminando a necessidade de neodímio e outros elementos raros.

No Vale do Silício, a startup Conifer desenvolveu motores compactos em formato de disco que dispensam as terras raras, visando inicialmente o mercado de veículos de duas rodas, mas com planos de expandir a produção para carros. A demanda por essas alternativas é alta, e o principal desafio reside na escalabilidade da produção. Paralelamente, pesquisas exploram alternativas como a tetrataenita sintética, feita de ferro e níquel, com incentivos governamentais para o desenvolvimento de ímãs mais potentes utilizando inteligência artificial, embora a produção em larga escala ainda esteja em um futuro distante.

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