Prioridade agora é segurança: investimentos globais mudam o foco
O cenário global de investimentos está passando por uma transformação significativa, com a segurança se tornando o principal foco em detrimento da sustentabilidade. A mudança, prevista para se intensificar a partir de 2025, reflete uma busca por resiliência em cadeias produtivas, ativos e dados, impactando diretamente a alocação de recursos, as avaliações de mercado e a transparência.
Essa mudança de prioridade ocorre em um momento crítico, no qual a resiliência climática e o financiamento climático dominam as discussões internacionais, como evidenciado na COP30, realizada em Belém. Líderes globais, incluindo o secretário-geral da ONU, enfatizam a urgência da transição energética e a necessidade de garantir que todos os países compartilhem seus benefícios.
Essa nova perspectiva se ancora em diversos pilares, incluindo adaptação e mitigação climática, segurança energética, acesso a minerais críticos, segurança alimentar e hídrica, infraestrutura resiliente, economia digital e defesa.
A disputa geopolítica está redefinindo o mapa da transição energética, com investimentos significativos em tecnologias limpas. Em 2024, estima-se que cerca de US$ 2 trilhões foram direcionados globalmente para este setor. Minerais críticos, antes considerados meros insumos industriais, agora são vistos como ativos de segurança nacional, cruciais para a transição energética e para os sistemas de defesa.
A infraestrutura resiliente emerge como base fundamental para garantir o funcionamento dos sistemas de alimentos, energia, água e transporte, em resposta a eventos climáticos extremos, escassez de recursos e inundações. A economia digital também ganha destaque, com foco em cibersegurança, guerra eletrônica e tecnologia espacial, considerados novos domínios econômicos e militares.
Essa nova abordagem exige uma comunicação clara e objetiva, substituindo a linguagem da sustentabilidade por um vocabulário que transmita os riscos materiais da economia real, como eventos climáticos extremos, vulnerabilidades cibernéticas e insegurança alimentar e hídrica. A disponibilidade de dados não é mais o problema, mas sim a clareza sobre os objetivos.
A precisão na medição de riscos e a tradução de impactos físicos em consequências financeiras são essenciais para aumentar a quantidade de informação, reduzir a incerteza e aprimorar a tomada de decisões. A próxima fase do investimento sustentável será marcada pela busca por segurança sistêmica, na qual a resiliência climática, energética e digital se tornam determinantes da competitividade e do valor econômico.
O foco se desloca da mera aparência de sustentabilidade para a demonstração da capacidade de resistência e crescimento em um mundo cada vez menos previsível. A interseção entre estratégia e valor se torna o novo objetivo, com o mercado valorizando as empresas capazes de comprovar resiliência operacional e segurança estrutural.




