Private equity e venture capital: investimentos privados impulsionam crescimento e valor

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Investimentos em private equity ganham força entre investidores institucionais no Brasil, mostrando-se um caminho para gerar valor, construir alfa e atuar como proteção contra a volatilidade do mercado, mesmo em tempos de juros altos e acirrada disputa por capital. A visão é compartilhada por especialistas do setor.

A sócia do Mattos Filho, Marina Procknor, liderou um debate com gestores para discutir como o capital está sendo alocado para gerar valor, e quais setores se destacam para private equity e venture capital.

Segundo Chu Kong, head de Private Equity da XP Asset, a criação de valor começa na definição da tese de investimento. A estratégia vai além da simples compra de empresas, focando na criação de teses de investimento, aquisição de companhias e busca por retorno de liquidez através de vendas estratégicas.

Romero Rodrigues, head de Venture Capital da XP Asset, complementa que a empresa prioriza setores como serviços financeiros, saúde, educação, consumo e tecnologia, mas a consistência da tese é sempre o fator determinante.

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O painel “Destravando valor através de investimentos privados”, realizado no Annual Meeting da XP Asset, trouxe à tona discussões relevantes sobre o tema.

Um exemplo do potencial do private equity é a própria história da XP. Em 2010, o fundo da XP foi o primeiro investidor institucional da corretora, que na época era uma entre 78 no Brasil, sendo uma das cinco lucrativas. A tese de investimento, inspirada no modelo americano Charles Schwab, transformou a XP em um “supermercado financeiro” com uma oferta diversificada de produtos.

De acordo com Chu Kong, o valor intrínseco da XP estava presente e pronto para ser revelado. O fundo pagou 23 vezes o lucro líquido e, na abertura de capital em 2019, o retorno foi de 123 vezes, transformando o investimento em um caso de sucesso.

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Marina Procknor enfatiza que a criação de valor em private equity depende de governança, eficiência operacional e potencial de crescimento, seja orgânico ou inorgânico. A combinação desses pilares é fundamental para garantir qualidade e segurança no retorno.

No venture capital, o foco se volta para pessoas, mercado e tecnologia, elementos cruciais para uma rápida escalabilidade. Rodrigues ressalta a importância de conhecer a fundo a equipe de fundadores, o tamanho do mercado e o problema que a empresa busca resolver. Quanto maior e mais clara for a dor, maior a probabilidade de sucesso. O acesso a fundadores estratégicos também se mostra um fator decisivo.

Segundo Romero Rodrigues, o ativo escolhe o gestor, e não o contrário. É preciso agregar valor além do capital investido. Experiência, reputação e uma rede global de contatos são diferenciais importantes para identificar oportunidades antes da concorrência.

Em um contexto macroeconômico desafiador, essa abordagem pode gerar vantagens competitivas. Startups conseguem captar recursos com mais facilidade, e os clientes se mostram mais abertos a mudanças, o que aumenta a eficácia do investimento em VC.

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O cenário atual, marcado por juros altos e liquidez restrita, exige maior rigor dos gestores, mas também cria oportunidades únicas. Chu Kong ressalta que gerar valor acima dos 15% ao ano, em um ambiente onde empresas alavancadas buscam capital, representa um grande desafio, mas também oferece retornos exponenciais para quem o supera.

Romero complementa que momentos de dificuldade podem gerar as melhores empresas de tecnologia. Em um mercado mais arriscado, a menor concorrência permite que o fundador utilize o capital de forma mais eficiente, criando o cenário ideal para o surgimento de startups que podem se tornar líderes globais.

O debate concluiu que a combinação de uma tese robusta, governança ativa, eficiência operacional e suporte estratégico aos fundadores é essencial para destravar valor em private equity e venture capital no Brasil.

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