Promotores buscam agência nacional anti-máfia para combater atentados

O promotor Lincoln Gakiya e o Procurador-Geral de Justiça de São Paulo, Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, defenderam a criação de uma agência nacional anti-máfia para fortalecer o combate ao crime organizado no país. A proposta, apresentada durante uma coletiva de imprensa, visa integrar os esforços das polícias, da Receita Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) em uma única estrutura.
As autoridades enfatizaram a necessidade de endurecer a legislação contra o crime organizado, manifestando apoio à proposta do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Defenderam, ainda, a criação de uma lei que agilize a expropriação de bens de criminosos e a implementação de um sistema mais robusto e eficaz de proteção a autoridades, policiais e testemunhas.
Gakiya classificou o PCC como a primeira máfia brasileira, destacando suas tentativas de infiltração no poder político, em negócios lícitos e nas estruturas financeiras. Segundo ele, o grupo utiliza estratégias de controle de território e intimidação de autoridades.
Oliveira e Costa ressaltou a importância da união dos poderes para superar questões políticas e ideológicas em prol da proteção de vidas, afirmando que é preciso mostrar à sociedade que o Estado tem condições de ser mais organizado que o crime.
A coletiva ocorreu após a divulgação da Operação Recon, que prendeu membros de uma facção criminosa que coletavam informações sobre Gakiya e Roberto Medina, coordenador de presídios da região oeste de São Paulo. Gakiya é um dos principais promotores que investigam e combatem o PCC.
A Operação Recon cumpriu 25 mandados de busca domiciliar em diversas cidades do estado de São Paulo. Durante a ação, dois homens foram presos em flagrante por tráfico de drogas em Presidente Prudente, onde o grupo alugou uma casa próxima à residência do promotor. Foram apreendidos mais de 4,3 quilos de drogas, quatro veículos, um simulacro de arma de fogo, 30 munições calibre .380 e R$ 7,6 mil em espécie, além de equipamentos eletrônicos e anotações.
Segundo o Ministério Público, os criminosos já haviam identificado, monitorado e mapeado os hábitos diários das autoridades. O promotor Gakiya relatou que sua casa foi sobrevoada por drones. A investigação aponta que a célula criminosa operava sob um rígido esquema de compartimentação, com cada integrante desempenhando uma função específica, dificultando a detecção do plano. O grupo contava com informantes e executores, sendo os últimos parte de uma “sintonia restrita” responsável por atentados contra autoridades e resgates.
Há suspeitas de que membros desse grupo tenham participado do assassinato de agentes penitenciários do Paraná e nos planos de ataque contra o senador Sergio Moro. Gakiya também mencionou a suspeita de envolvimento no assassinato do ex-delegado geral de polícia Ruy Ferraz. Oito suspeitos de envolvimento neste caso já foram presos.
Fonte: agenciabrasil.ebc.com.br




