Real madrid considera adoção de modelo saf e abertura de capital
O Real Madrid, um dos clubes de futebol mais emblemáticos do mundo, está avaliando a possibilidade de adotar um modelo de Sociedade Anônima do Futebol (SAF), abrindo caminho para a entrada de investidores externos. A iniciativa, que vem sendo discutida nos bastidores do clube, pode representar uma mudança significativa na estrutura administrativa que o rege há mais de um século.
A decisão final sobre a transformação em SAF dependerá da aprovação dos sócios, que tradicionalmente detêm a propriedade do clube. No entanto, o debate surge em um momento de crescente competição financeira no futebol europeu e de busca por modernização e investimentos por parte de grandes fundos internacionais. Acredita-se que a mudança possa fortalecer a competitividade do clube, aprimorar a governança e aumentar sua capacidade de investimento em infraestrutura e reforços para o elenco.
O Real Madrid opera atualmente como uma associação civil sem fins lucrativos, administrada por seus sócios e liderada por um presidente eleito. Esse modelo garante autonomia e proximidade com os torcedores, mas limita a capacidade de atrair grandes investimentos do mercado financeiro.
A proposta em estudo visa criar um formato híbrido, no qual a associação continuaria existindo, mas as operações do futebol profissional seriam transferidas para uma nova entidade empresarial, estruturada como sociedade anônima. Essa empresa poderia receber investimentos externos, emitir ações e operar com padrões corporativos mais modernos.
Estudos internos indicam que o clube avalia abrir entre 5% e 10% de seu capital para investidores. Considerando que o Real Madrid é avaliado em cerca de 10 bilhões de euros, a operação poderia movimentar entre 500 milhões e 1 bilhão de euros. Esse montante seria destinado a investimentos estratégicos, como a modernização do estádio Santiago Bernabéu, a expansão global da marca e o aumento da competitividade no mercado de transferências.
A busca pela transformação em SAF é impulsionada pelo cenário global, no qual clubes com aporte externo têm se destacado nas competições internacionais. A diretoria do Real Madrid entende que, para manter a competitividade, especialmente após a expansão do projeto multimídia do novo Santiago Bernabéu, a adoção do modelo SAF pode ser o caminho para profissionalizar ainda mais a gestão.
Além disso, o clube realizou obras bilionárias no estádio e possui uma folha salarial elevada. Embora seja considerado financeiramente saudável, operar dentro das regras do Fair Play Financeiro europeu exige novas fontes de receita para garantir o equilíbrio. A abertura para investidores permitiria aliviar as pressões financeiras sem perder o controle majoritário do clube.
A transformação em SAF também possibilitaria ampliar parcerias internacionais, acelerar a digitalização do clube, desenvolver plataformas de streaming próprias, expandir academias e centros de treinamento mundialmente e aumentar as receitas com produtos licenciados.
Para que a mudança seja concretizada, será necessário um amplo processo interno, que inclui auditorias e a votação dos sócios em assembleia geral. O estatuto do Real Madrid exige que alterações dessa magnitude sejam aprovadas pelos sócios, que somam mais de 90 mil associados com direito a voto.
Apesar das vantagens financeiras, o modelo SAF também apresenta riscos que preocupam parte da torcida e dos sócios. A entrada de investidores estrangeiros pode gerar receios de que as tradições sejam desvalorizadas, que as decisões priorizem o lucro e que o clube perca autonomia esportiva no longo prazo.
A possível transformação do Real Madrid em SAF representa uma das propostas mais significativas da história do clube, podendo influenciar outras instituições esportivas em todo o mundo.


