Restaurante em paris era centro de esquema global de insider trading
Um antigo banqueiro de investimentos é acusado de liderar uma extensa rede de “insider trading” a partir de um restaurante que mantinha em Paris. Samy Fadi Khouadja, ex-profissional do Merrill Lynch, figura entre oito indivíduos denunciados por procuradores federais em Boston, nos Estados Unidos. Ele é acusado de coordenar um grupo que acumulou dezenas de milhões de dólares por meio de informações privilegiadas em mais de uma dezena de negociações.
Khouadja, com 45 anos, não está sob custódia e é considerado foragido pelas autoridades americanas, segundo comunicado do Departamento de Justiça dos EUA.
A acusação aponta que Khouadja e outros dois indivíduos lideraram o esquema entre 2016 e 2024. O grupo recrutava banqueiros de investimento e outros profissionais com acesso a informações confidenciais de empresas públicas, remunerando-os pelo fornecimento de dados sobre resultados financeiros e fusões. Com essas informações em mãos, os membros do esquema realizavam negociações por meio de uma complexa rede global.
Para ocultar suas atividades, os envolvidos utilizavam telefones descartáveis, linguagem codificada e aplicativos de mensagens criptografadas. Os pagamentos pelas informações eram efetuados por meio de transferências em dinheiro, empresas de fachada e faturas falsas. A acusação também alega que os réus repassavam informações a jornalistas para lucrar após a publicação das notícias.
Khouadja trabalhou no Merrill Lynch até 2014, antes de abrir o Hexagone, restaurante em Paris que, segundo a acusação, serviu como ponto de encontro para o planejamento do esquema. O restaurante está atualmente fechado.
Eamma Safi e Zhi Ge, também apontados como líderes do esquema, foram acusados no ano passado. Safi está sob custódia nos EUA e declarou-se inocente em fevereiro. Ge foi preso em Cingapura e está lutando contra a extradição para os EUA. Ele ainda não se manifestou sobre as acusações.
Além dos líderes, procuradores dos EUA acusaram cinco pessoas na França, Hong Kong e Cingapura, que teriam concordado em negociar com as informações confidenciais em troca de uma porcentagem dos lucros ilícitos. Essas pessoas também são consideradas foragidas.
Ronald Cordas, um trader acusado de ajudar Safi e Ge a acumular cerca de US$ 8 milhões negociando ações da Tiffany & Co. antes do anúncio da oferta de compra pela LVMH Moët Hennessy Louis Vuitton SE, confessou-se culpado e está cooperando com as autoridades.
Khouadja já havia sido acusado em 2018 pelas autoridades francesas em uma investigação separada de “insider trading”, focada em ganhos suspeitos feitos por um trader baseado em Genebra e um vazamento de um ex-consultor da Brunswick Group LLP. Essa investigação estava em andamento em março, sem decisão sobre a realização de um julgamento.




