Reunião turbulenta no nubank: modelo híbrido causa demissões e investigação

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O Nubank enfrenta uma crise interna após anunciar o fim do regime de trabalho totalmente remoto, optando por um modelo híbrido a partir de julho de 2026. A decisão provocou tensões entre os funcionários, resultando em demissões, críticas públicas e uma investigação sobre uma suposta tentativa de sabotagem dos sistemas da fintech.

A mudança, comunicada em 6 de novembro, exige que cerca de 70% dos colaboradores compareçam presencialmente aos escritórios pelo menos dois dias por semana. A frequência poderá aumentar para três dias a partir de janeiro de 2027. Essa medida representa uma alteração significativa na política de trabalho do Nubank, que consolidou parte do seu crescimento com o trabalho remoto, alcançando mais de 120 milhões de clientes na América Latina. A empresa justifica a decisão com o objetivo de fortalecer a cultura organizacional e recuperar a “energia” que, segundo ela, se perde em ambientes totalmente remotos. Para auxiliar na transição, o Nubank prometeu ajuda de custo para mudanças de funcionários que precisem se deslocar para São Paulo.

O anúncio gerou reações imediatas entre os funcionários. Durante uma reunião online com cerca de sete mil participantes, 12 colaboradores foram demitidos por suposta violação do código de conduta. Em nota oficial, o Nubank afirmou que os desligamentos não estão relacionados com protestos contra o modelo híbrido, mas sim com comportamentos inadequados. A situação levantou debates sobre liberdade de expressão no ambiente corporativo.

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A presidente do Sindicato dos Bancários criticou a forma como a decisão foi conduzida, afirmando que a mudança foi comunicada ao sindicato e aos funcionários no mesmo dia. Segundo ela, a mudança interfere diretamente na vida das pessoas, exigindo reorganização familiar e de rotina. A sindicalista afirma que os trabalhadores relatam que as demissões foram resultado de manifestações legítimas de descontentamento, enquanto o Nubank defende que houve excessos de conduta durante a reunião. Ex-funcionários também criticaram a empresa por contrariar sua cultura interna, que sempre incentivou a troca aberta de opiniões.

O CEO do Nubank respondeu publicamente, afirmando que as críticas partem de pessoas desinformadas sobre o contexto interno. A resposta do executivo dividiu opiniões entre profissionais do setor e especialistas em cultura organizacional, que destacaram o desafio de equilibrar liberdade e disciplina em grandes empresas digitais.

Em meio às polêmicas, o Nubank confirmou que dois colaboradores foram demitidos por justa causa sob suspeita de planejar sabotagem de sistemas internos. O caso foi comunicado às autoridades policiais. Um memorando interno relatou que o setor de segurança cibernética identificou e interrompeu o plano antes que qualquer ação fosse executada.

O conjunto de episódios coloca o Nubank diante de um desafio: preservar sua imagem inovadora e reforçar controles internos para garantir segurança e ética no ambiente corporativo. A mudança para o modelo híbrido representa uma redefinição de valores organizacionais, buscando equilibrar flexibilidade e autonomia com a colaboração presencial e o reforço da cultura institucional.

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