Safra recorde de guaraná impulsiona a economia do amazonas

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A emblemática frase indígena ganha ainda mais força neste período: “Quando os olhos se abrem, é tempo de guaraná”. No Amazonas, a colheita das sementes que se assemelham a olhos humanos revela um cenário promissor, com produtores celebrando uma das melhores safras dos últimos anos.

Apesar das incertezas iniciais relacionadas ao calor intenso e aos impactos das mudanças climáticas, que têm afetado diversas culturas no país, o guaraná do Amazonas demonstra notável resiliência. A safra atual surpreende com um crescimento significativo, variando entre 20% e 50%, dependendo da área de cultivo.

Através de visitas regulares aos campos, acompanhamento nas áreas experimentais e interação direta com grupos de produtores, pesquisadores da Embrapa Amazônia Ocidental constatam um crescimento robusto na produção.

“Os produtores relatam que estão colhendo mais guaraná do que no ano passado. Esse aumento é notável nas áreas que temos monitorado”, afirma um pesquisador. Ele ressalta que as plantas estão particularmente carregadas, repletas de guaraná.

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Os números confirmam essa impressão. Pequenos e médios produtores reportam ganhos entre 20% e 30% em comparação com 2024, enquanto grandes empresas do setor exibem resultados ainda mais expressivos, com um crescimento de quase 50% na colheita.

O estado do Amazonas, que tradicionalmente produz entre 600 e 700 toneladas anuais de guaraná em rama (sementes secas com 13% de umidade), pode alcançar entre 700 e 800 toneladas neste ano. Este aumento significativo representa um marco importante para uma cultura de grande relevância econômica e cultural na região.

Ao contrário de safras anteriores, 2025 proporcionou condições climáticas favoráveis nos momentos cruciais. O mês de setembro, essencial para a floração do guaraná, transcorreu sem os extremos climáticos habituais que prejudicam a cultura.

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Não houve secas prolongadas que pudessem comprometer as flores, nem chuvas torrenciais que derrubassem as florações delicadas. Apesar de alguns dias com temperaturas elevadas, isso não afetou significativamente o desenvolvimento dos frutos.

Com a colheita ainda em andamento, as chuvas de novembro representam uma preocupação para a conclusão da safra. A precipitação intensa pode causar a queda prematura de frutos maduros ou o apodrecimento de cachos nas plantas. Os produtores estão se apressando para colher o máximo possível antes que as tempestades causem perdas desnecessárias.

Apesar desse desafio climático, a expectativa geral entre pesquisadores e produtores é positiva. A safra de 2025 deve confirmar um ano de recuperação e crescimento expressivo para o guaraná do Amazonas, o que beneficia não apenas os cultivadores, mas toda a cadeia produtiva ligada a essa planta símbolo da Amazônia.

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