Seguro rural mais acessível através de práticas sustentáveis
Produtores rurais poderão ter acesso a seguros mais baratos ao adotarem práticas de agricultura sustentável que priorizem a saúde do solo. A iniciativa, que visa tornar o seguro rural mais competitivo, é resultado de uma colaboração entre a Embrapa, o Ministério da Agricultura e seguradoras.
Um programa piloto, implementado na safra 2024/25 com a participação de 30 produtores no Paraná, demonstrou uma redução significativa nos prêmios cobrados nas apólices de seguro rural, variando entre 17% e 30%. Os resultados foram divulgados durante um painel na COP30, realizada em Belém.
A metodologia de precificação do programa busca refinar a avaliação do risco individual de cada produtor. A lógica subjacente é que, com o manejo agrícola otimizado, os custos tendem a diminuir, uma vez que as lavouras se tornam mais resilientes às adversidades.
Na concepção da metodologia, a Embrapa utilizou como ponto de partida o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC), que especifica os períodos de plantio mais adequados e de menor risco para diversas culturas em cada município. A inovação reside na inclusão dos níveis de manejo, além do ZARC, permitindo uma avaliação mais personalizada.
Segundo Paulo Hora, superintendente de produtos de agronegócio na BrasilSeg, a expectativa é que, no médio prazo, surja um produto mais customizado e acessível para o produtor rural. Ele vislumbra esse como o futuro do seguro rural nos próximos cinco a dez anos.
O processo de avaliação envolve seis critérios definidos pela Embrapa, que são mensurados pelas seguradoras. Essas informações são então encaminhadas ao Ministério da Agricultura, que avalia as propriedades em uma escala de 1 a 4, determinando uma subvenção diferenciada para o prêmio de seguro.
Aproximadamente 5% da área total participante do projeto alcançou o nível quatro, o mais alto da escala, resultando em uma subvenção de 35% no valor do seguro rural. Os demais participantes foram classificados nos níveis 3 (27% da área, com subvenção de 30%), 2 (57% da área, com subvenção de 25%) e 1 (11% da área, mantendo a subvenção padrão de 20% do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural – PSR).
O piloto abrangeu um total de 2,4 mil hectares, distribuídos em 29 propriedades, predominantemente de pequenos e médios produtores. Doze dessas propriedades foram asseguradas pela Brasilseg.
De acordo com o executivo, a metodologia já introduziu um nível de inteligência superior no setor, permitindo uma avaliação mais precisa da resiliência das áreas de produção. O próximo passo é otimizar o processo para torná-lo mais simples e escalável.
Jonatas Alencar, coordenador-geral de mercado e financiamento do Ministério da Agricultura, destacou que um dos maiores desafios é o monitoramento, que exige recursos humanos em campo para realizar o trabalho e reduzir os custos ao longo do tempo. Ele enfatizou que essa é uma oportunidade não apenas para os produtores, mas para todo o setor relacionado ao seguro.
O projeto piloto deve expandir sua abrangência nos próximos anos, ultrapassando as fronteiras do Paraná. Há planos para incluir outras culturas, como o milho, e estender o programa para outras regiões, como Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Goiás.



