Sementes piratas: rombo milionário ameaça o agro brasileiro
O setor agrícola brasileiro enfrenta um desafio crescente com a disseminação de sementes falsificadas, resultando em perdas anuais estimadas em R$ 10 bilhões. A constatação alarmante foi apresentada durante o Seed Congress of the Americas 2026, revelando que 11% da área cultivada com soja no país utiliza sementes não registradas ou não certificadas.
Embora o problema seja mais evidente na cultura da soja, outras importantes commodities como forrageiras, algodão, arroz e feijão também sofrem com a comercialização ilegal de sementes. Essa prática ilícita compromete a produtividade das lavouras e coloca em risco a sustentabilidade de todo o setor.
A Associação Paulista dos Produtores de Sementes (APPS) destaca que o uso de sementes piratas acarreta perdas significativas na qualidade das plantações. Além de disseminar pragas e doenças, o material ilegal diminui drasticamente a eficiência da produção.
“A semente representa o ponto de partida de toda a produção. Economizar nesse momento pode custar caro depois”, adverte a diretora-executiva da APPS. Ela explica que a semente legal garante origem, qualidade, pureza genética e resultados previsíveis no campo, enquanto o material ilegal traz riscos de baixa produtividade, contaminações e prejuízos irreversíveis. “Investir em semente certificada não é gasto: é segurança, rentabilidade e respeito ao futuro da agricultura brasileira”, completa.
Um engenheiro agrônomo e gerente técnico, classifica a pirataria como um risco econômico, de imagem e de produtividade. Ele enfatiza que a escolha por sementes piratas coloca em risco toda a cadeia produtiva e o trabalho de quem investe em pesquisa, qualidade e tecnologia. A comercialização ilegal configura crime e prejudica o avanço de novas tecnologias no campo. “Cada saca de semente falsificada é um golpe contra o produtor e contra o futuro da agricultura responsável”, reforça.
Para auxiliar os produtores a identificar sementes certificadas, a APPS recomenda verificar se o fornecedor possui registro no Registro Nacional de Sementes e Mudas (RENASEM) do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA). É fundamental exigir nota fiscal e termo de garantia da qualidade, emitido por laboratório credenciado. A embalagem deve estar lacrada, íntegra e sem sinais de violação, garantindo a procedência certificada da semente e seus rigorosos controles de qualidade genética e sanitária.
Apesar dos avanços na conscientização dos produtores, o problema ainda preocupa o setor. A APPS continua trabalhando para fortalecer o mercado formal e valorizar quem pratica a agricultura de forma correta, garantindo a pesquisa para novos cultivares de forma sustentável.
Os produtores podem denunciar o comércio irregular de sementes de forma anônima no site da APPS ou diretamente no portal do MAPA. As denúncias auxiliam as autoridades a combater a pirataria e proteger os agricultores brasileiros.



