Soja pressionará fretes rodoviários no início de 2026, aponta conab
A colheita da safra de soja 2025/26 deve gerar um aumento nos preços dos fretes rodoviários no primeiro trimestre de 2026. A previsão é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A estimativa de produção é de 177,6 milhões de toneladas. Com os armazéns ainda ocupados pelo milho, a pressão sobre o sistema de transporte deverá ser maior entre janeiro e março, período de pico para o escoamento da oleaginosa.
Essa projeção consta no Boletim Logístico de novembro, que já indica a manutenção dos preços dos fretes em níveis elevados, mesmo durante o período de entressafra, quando tradicionalmente se observam quedas mais acentuadas.
Em Mato Grosso, maior produtor nacional de grãos, a Conab avalia que a colheita “deverá inflacionar o mercado de fretes rodoviários no primeiro trimestre de 2026, em âmbito estadual”. A colheita da soja deve começar de forma “incipiente, na segunda quinzena de dezembro, com intensificação dos trabalhos para janeiro e fevereiro”, informou a estatal.
Em outubro, os fretes se mantiveram em patamares altos. “Em relação ao mês anterior houve de modo geral um declínio suave em boa parte das praças, ao passo que algumas apresentaram comportamento de estabilidade. Neste ponto, destaca-se que o recuo foi bastante moderado, tendo em vista o avanço da entressafra, período no qual, historicamente, maiores quedas nos valores dos fretes seriam esperadas”, explicou a Conab.
A manutenção dos preços é resultado da combinação de fatores. A forte demanda por milho mantém os caminhões em circulação. “Setores como alimentação animal e biocombustíveis, que utilizam o milho como principal insumo têm demandado cada vez mais esse produto, que tem ganhado maior alcance e capilaridade. Frequentemente tais empresas oferecem ágio pela aquisição do produto em uma disputa pelo insumo ante o mercado externo”, disse a Conab. Essa disputa aumentou os preços do milho e impulsionou as movimentações logísticas.
Além disso, os produtores precisam liberar espaço nos armazéns com urgência. “Soma-se a esse fator a existência de uma certa urgência para liberar espaço nos armazéns, atualmente ocupados majoritariamente com milho de modo a receber a soja que já deverá começar a ser colhida, de modo incipiente, na segunda quinzena de dezembro, com intensificação dos trabalhos para janeiro e fevereiro”, informou a estatal.
“Desta forma há o interesse em se escoar boa parte do milho antes da próxima safra, contribuindo, assim, para elevar a demanda por transportes, resultando em cotações elevadas de fretes rodoviários em plena entressafra de grãos”, destacou.
Em Mato Grosso, a rota Sorriso-Santos passou de R$ 480 para R$ 470 a tonelada em outubro, uma queda de apenas 2%. Para Paranaguá, o frete diminuiu de R$ 460 para R$ 450, também um recuo de 2%. A partir de Primavera do Leste, os fretes para Santos caíram 5%, de R$ 390 para R$ 370, enquanto para Paranaguá a queda foi de 4%, de R$ 370 para R$ 355.
“Diante deste cenário de maiores preços atribuídos aos serviços de transporte, o setor entende que o momento é favorável para fazer a frota girar e garantir sua cobertura de custos e sua lucratividade”, afirmou a Conab.
O mercado expressou preocupação com possíveis distorções causadas pelo tabelamento de preços da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). “Existe a percepção, por parte do mercado, de que o tabelamento de fretes e as medidas recentes para seu maior controle e efetivação, tendem a ocasionar algumas distorções de mercado e alterar os incentivos atinentes às atividades, e que os maiores prejudicados com as medidas são os transportadores com caminhões menores, com quantidade de eixos igual ou inferior a sete, ao passo que, para caminhões de nove eixos a conta tem fechado melhor”, informou a Conab.
Apesar das ressalvas, a companhia destacou que o setor não deve registrar paralisações. “A despeito de haver certo descontentamento, especialmente para esse nicho, descartou-se qualquer movimento de greve ou paralisação e os fluxos logísticos seguem a todo vapor, para dar vazão às enormes safras colhidas em Mato Grosso, bem como para dar espaço à vindoura produção de soja, que também deverá ser de enorme magnitude”, disse.


