Tecnologia do Georgia Tech promete revolucionar a forma de reciclar plástico
Pesquisadores do Georgia Tech criam método inovador que usa força mecânica para reciclar plástico PET de forma mais limpa e eficiente.

Pesquisadores do Instituto de Tecnologia da Geórgia (Georgia Tech) anunciaram um avanço promissor na forma de reciclar plástico, especialmente o tereftalato de polietileno (PET), usado amplamente em garrafas e embalagens de alimentos. O novo método dispensa o uso de calor e produtos químicos agressivos, utilizando apenas força mecânica para decompor o material — uma inovação que pode tornar o processo mais sustentável e acessível.
O estudo, publicado recentemente na revista Chem, apresentou um conceito conhecido como reação mecanoquímica, em que as transformações químicas ocorrem por meio de impactos físicos, e não por aquecimento ou dissolução. Na prática, os cientistas usam moinhos de bolas, equipamentos que contêm pequenas esferas metálicas capazes de golpear fragmentos de plástico. Essas colisões, combinadas com hidróxido de sódio, geram energia suficiente para quebrar as ligações químicas do PET e transformá-lo novamente em seus compostos básicos.
Segundo o professor Carsten Sievers e a pesquisadora Kinga Gołąbek, responsáveis pelo estudo, o processo consegue despolimerizar completamente o PET em apenas sete minutos, recuperando 97% dos monômeros com 99% de pureza. Esses índices representam um passo importante rumo à reciclagem circular, na qual o material pode ser reutilizado repetidamente sem perda de qualidade.
O método se destaca por operar à temperatura ambiente, eliminando a necessidade de altas temperaturas ou solventes perigosos, comuns na reciclagem química tradicional. Isso reduz significativamente o consumo de energia e o impacto ambiental, oferecendo uma alternativa prática para lidar com o acúmulo global de resíduos plásticos.
O avanço chega em um momento crítico: a organização Earth Action For Impact estima que o planeta produzirá 225 milhões de toneladas de resíduos plásticos até 2025, com cerca de um terço sendo descartado de forma inadequada. Atualmente, menos de 10% de todo o plástico produzido é realmente reciclado, e grande parte do restante acaba em aterros ou nos oceanos.
O projeto do Georgia Tech já despertou interesse da indústria. O Toyota Research Institute of North America apoia o desenvolvimento da tecnologia em escala piloto, e análises iniciais apontam que o processo pode ser economicamente viável, alcançando um custo de cerca de US$ 0,99 por quilo de PET reciclado, desde que a coleta dos resíduos seja eficiente.
Com esse avanço, os pesquisadores esperam expandir os testes para outros tipos de plásticos de difícil reciclagem, abrindo caminho para uma economia circular mais sólida e uma redução significativa da poluição plástica em nível global.