Universo desacelerando? novo estudo questiona expansão acelerada

Físicos desafiam o consenso científico em um novo artigo que levanta dúvidas sobre a expansão acelerada do universo. A pesquisa, publicada na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society, sugere que as observações de supernovas do tipo Ia, tidas como pilares da cosmologia moderna, podem ter sido interpretadas incorretamente.
Desde a década de 1990, a comunidade científica acredita que o universo está em expansão acelerada, impulsionada pela chamada energia escura, que compõe aproximadamente 70% do cosmos. Essa conclusão foi amplamente baseada em medições de supernovas do tipo Ia, explosões estelares com brilho uniforme que servem como “velas padrão” para calcular distâncias cósmicas e a taxa de expansão, conhecida como constante de Hubble. A importância dessas supernovas como ferramentas de medição foi reconhecida com o Prêmio Nobel de Física em 2011.
No entanto, o novo estudo propõe que as características das supernovas do tipo Ia podem não ser tão constantes quanto se pensava, introduzindo um viés nas medições da distância. A equipe de pesquisa argumenta que a idade das estrelas progenitoras das supernovas pode afetar seu brilho, com supernovas originárias de populações estelares mais jovens aparecendo mais fracas do que as de populações mais antigas. Ao analisar uma amostra de 300 supernovas, os autores sugerem que elas podem não ser tão confiáveis para determinar a taxa de expansão do universo.
Essa reinterpretação dos dados de supernovas tem implicações significativas para a compreensão da constante de Hubble, um valor crucial na cosmologia. As medições da constante de Hubble obtidas por diferentes métodos apresentam uma discrepância conhecida como “tensão de Hubble”. As observações do fundo cósmico de micro-ondas estimam a constante em cerca de 67,4 km/s/Mpc, enquanto as medições diretas no universo local resultam em um valor maior, próximo de 73 km/s/Mpc. Essa diferença sugere que o modelo cosmológico padrão pode estar incompleto ou que existem erros sistemáticos nas medições.
O estudo publicado na Monthly Notices of the Royal Astronomical Society oferece uma nova perspectiva sobre a tensão de Hubble, sugerindo que as medições baseadas em supernovas podem estar influenciadas por fatores não considerados. Os resultados da pesquisa indicam uma melhor concordância com o modelo proposto pelo projeto Dark Energy Spectroscopic Instrument (DESI) e com dados do fundo cósmico de micro-ondas, sugerindo que a energia escura pode estar enfraquecendo ao longo do tempo. Consequentemente, o universo pode não estar mais em expansão acelerada, mas sim em uma fase de desaceleração.
Para validar suas conclusões, a equipe está realizando novos testes utilizando apenas supernovas de galáxias jovens em diferentes distâncias. Além disso, os pesquisadores esperam que as observações futuras do Observatório Vera C. Rubin, que deverá descobrir milhares de novas supernovas do tipo Ia, possam fornecer dados mais precisos e aprofundar a compreensão da expansão do universo.
Fonte: www.tempo.com

