Vacina promissora contra câncer de pulmão entra em testes clínicos

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Uma esperança surge na luta contra o câncer de pulmão, uma das doenças mais mortais globalmente. Pesquisadores das prestigiadas universidades de Oxford e University College London anunciaram o início dos testes em humanos da LungVax, uma vacina inovadora com o objetivo de prevenir o desenvolvimento do câncer de pulmão em indivíduos de alto risco.

O estudo representa um possível marco no combate a essa doença, que figura como a principal causa de morte por câncer no Reino Unido, respondendo por cerca de 20% dos óbitos anuais relacionados ao câncer no país.

O ensaio clínico de Fase I, com duração prevista de quatro anos e início programado para 2026, será financiado com uma verba de £ 2,06 milhões (equivalente a US$ 2,7 milhões), concedida pelo Cancer Research UK, com o apoio da CRIS Cancer Foundation. O principal objetivo desta fase inicial é avaliar a segurança da vacina, determinar a resposta imunológica que ela induz e identificar as populações que podem se beneficiar da imunização no futuro. Os pesquisadores monitorarão de perto a resposta dos participantes à vacinação, bem como a viabilidade da sua administração.

“Menos de 10% das pessoas com câncer de pulmão sobrevivem à doença por dez anos ou mais. Isso precisa mudar”, ressaltou Jamal-Hanjani, líder do estudo, enfatizando a urgência de novas abordagens. “O ensaio clínico LungVax é o primeiro passo crucial para levar essa vacina às pessoas com maior risco”.

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Sarah Blagden, professora de Oncologia Experimental na Universidade de Oxford e cofundadora do projeto, explicou o mecanismo de ação da vacina: “O objetivo é fazer com que o sistema imunológico identifique e destrua essas células anormais precocemente, antes que se transformem em câncer.”

A LungVax emprega um vetor viral não replicante para entregar instruções genéticas que habilitam o sistema imunológico a reconhecer proteínas anormais, conhecidas como neoantígenos. Essas proteínas atuam como “sinais de alerta”, manifestando-se na superfície das células pulmonares quando seu DNA sofre mutações que podem levar ao câncer.

A tecnologia utilizada nesta vacina é derivada da mesma plataforma que serviu de base para a vacina Oxford/AstraZeneca contra a COVID-19, demonstrando uma aplicação inovadora na prevenção do câncer.

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“Assim como ensinamos o sistema imunológico a reconhecer a proteína spike do coronavírus, estamos treinando-o para detectar neoantígenos específicos do câncer de pulmão”, detalhou Blagden.

Diferentemente de vacinas convencionais, como a contra o HPV, que previnem infecções que podem causar câncer, a LungVax age diretamente sobre células humanas já em processo de transformação maligna. “É a diferença entre prevenir a causa e interceptar a consequência”, comparou Blagden.

Caso se mostre bem-sucedida, a LungVax poderá representar uma mudança significativa no combate ao câncer de pulmão, direcionando o foco do tratamento para a prevenção ativa em grupos de risco. Os pesquisadores enfatizam que o projeto consolida o conhecimento científico das vacinas de tecnologia vetorial viral desenvolvidas durante a pandemia, agora aplicadas em uma nova e promissora área da medicina preventiva.

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