Venda de defensivos agrícolas enfrenta atraso recorde

A aquisição de defensivos agrícolas por produtores de soja tem demonstrado um ritmo incomumente lento, impactado pela restrição de crédito e pela diminuição das margens de lucro. Tal cenário desafiador expõe as dificuldades enfrentadas por revendas e indústrias de insumos na safra de 2025/26.
Em recente conferência com investidores, o CEO da Agrogalaxy, destacou que, no que tange aos defensivos, a atual safra apresenta o maior atraso nos últimos cinco anos. O executivo já havia mencionado essa tendência, ressaltando que os produtores estão adotando uma postura cautelosa na contratação de pacotes de defensivos.
Dados da consultoria Agrinvest corroboram essa observação. Até meados de outubro, os produtores de soja adquiriram apenas 79% do pacote de defensivos necessários para a safra, um número inferior à média de 88% registrada nas quatro safras anteriores.
Um dos fatores que contribui para esse atraso é a comercialização antecipada, que também se encontra em ritmo desacelerado. Informações do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) indicam que apenas 31% da safra 2025/26 foi vendida no Mato Grosso, um patamar consideravelmente abaixo dos 40% observados nos últimos cinco anos para o mesmo período.
Essa postura mais comedida se reflete também na redução do pacote tecnológico adotado pelos produtores. Uma parcela dos agricultores que adquiriu defensivos via barter o fez apenas para uma aplicação e meia, em vez das três ou quatro aplicações usuais.
A expectativa é que esses produtores de soja retomem a compra de defensivos apenas se as condições climáticas exigirem novas aplicações para combater pragas. Essa demanda pontual, no entanto, pode ser benéfica para as revendas, já que essas compras de última hora geralmente envolvem margens de lucro mais elevadas.
Contudo, em um contexto de pressão sobre o capital de giro, a gestão de estoques se torna mais conservadora. A Agrogalaxy, por exemplo, opera atualmente com um nível de estoque que representa entre 15% e 20% da demanda projetada para a safra, uma redução em relação ao patamar de 35% que era o padrão antes de enfrentar dificuldades financeiras.
Esse ajuste reflete a busca por um equilíbrio financeiro, considerando que as margens dos produtores permanecem em um patamar baixo tanto para a soja quanto para o milho.


