O que está levando os brasileiros a gastar menos até nas comemorações?

Mais da metade dos brasileiros reduziu gastos em datas comemorativas, adotando hábitos de consumo mais racionais diante da inflação e do crédito caro.

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Um levantamento recente da Neogrid, empresa especializada em tecnologia para cadeias produtivas, revelou uma mudança significativa no comportamento do consumidor brasileiro. Mais da metade da população, cerca de 51% dos entrevistados, reduziu gastos em datas especiais no último ano, como Dia das Mães, Dia das Crianças e Natal.

A principal razão apontada é o impacto direto da inflação acumulada de 5,17% nos últimos 12 meses, que afetou o poder de compra e levou muitas famílias a reverem suas prioridades financeiras.

De acordo com o estudo, embora o orçamento esteja mais apertado, 75% dos consumidores ainda fazem compras nessas ocasiões, mas optam por valores menores e escolhas mais conscientes. Entre os entrevistados, 24% afirmaram manter o mesmo padrão de consumo, enquanto 51% continuam comprando, porém com quantias reduzidas em comparação com anos anteriores.

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A pesquisa mostra que a cautela se tornou um novo padrão, refletindo um comportamento mais racional diante da instabilidade econômica.

Outro estudo, realizado pela FIA Business School, também confirma essa tendência. O interesse por brinquedos neste Dia das Crianças cresceu 107% em relação a 2024, mas o valor médio desembolsado permanece contido, em torno de R$ 145. Essa discrepância mostra que o consumidor brasileiro mantém o desejo de presentear, mas dentro de limites mais rigorosos de orçamento.

Diante da alta dos preços, 82% dos entrevistados afirmaram substituir produtos habituais por opções mais baratas, especialmente em setores considerados essenciais. O levantamento detalha as categorias mais afetadas pela troca:

Categoria
Percentual que optou por versões mais baratas
Produtos de limpeza
69%
Higiene pessoal
57%
Alimentos e bebidas
54%
Carnes
53%

Além disso, 62% dos consumidores passaram a trocar marcas tradicionais por versões mais acessíveis, 52% priorizam produtos em promoção, 39% diminuíram a quantidade de itens comprados, e 35% preferem adquirir produtos em atacado ou embalagens maiores. Essas práticas deixaram de ser medidas temporárias e passaram a compor um novo perfil de consumo, mais atento ao custo-benefício e à eficiência no uso do dinheiro.

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Mesmo com esse cenário de cautela, há espaço para otimismo. A pesquisa aponta que 63% dos consumidores pretendem retomar o padrão anterior de compras assim que os preços apresentarem redução significativa. Isso indica que, embora o consumo esteja mais racional, o desejo de voltar a comprar com liberdade permanece vivo — apenas condicionado a um contexto econômico mais favorável.

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