Alocação em renda fixa exige estratégia com juros no nível atual

A manutenção da taxa Selic em 15% ao ano pelo Banco Central continua a impulsionar a atratividade da renda fixa, consolidando-a como uma opção segura e rentável para investidores que buscam retornos consistentes sem correr riscos excessivos. Apesar da expectativa de um possível corte na Selic no início de 2026, com projeções indicando juros básicos ainda em dois dígitos ao final do próximo ano (12,25%), o mercado já se movimenta para antecipar os impactos dessas mudanças nas carteiras de investimento.
Especialistas do mercado financeiro apontam para um “momento de transição” na alocação de recursos em renda fixa, sugerindo uma mudança de foco em relação ao cenário de juros elevados. A recomendação é ajustar as estratégias de investimento em títulos públicos e crédito privado, preparando-se para o futuro ciclo de cortes na Selic.
Nesse cenário, títulos atrelados à inflação, tanto públicos quanto privados, ganham destaque como alternativas preferenciais. Esses títulos oferecem proteção contra a inflação e se mostram vantajosos em cenários de redução das taxas de juros.
Atualmente, o Tesouro IPCA+ 2029 oferece um retorno real de 8,04%, enquanto o título com vencimento em 2060 apresenta um retorno de IPCA + 7,17%. As taxas elevadas, a proteção contra a inflação e a estabilidade em períodos voláteis, como o período eleitoral, justificam a preferência por esses papéis.
Apesar do foco nos títulos atrelados à inflação, os títulos pós-fixados, com remuneração atrelada à Selic ou ao CDI, ainda são recomendados, principalmente o Tesouro Selic, que continua a oferecer retornos reais elevados com risco mínimo.
Os títulos prefixados, por sua vez, ganham atratividade à medida que o mercado antecipa o início do ciclo de cortes na Selic, previsto para o início de 2026. No entanto, especialistas recomendam cautela, considerando incertezas fiscais e eleitorais que podem gerar volatilidade nos juros futuros e limitar os ganhos dos investidores.
Quanto ao crédito privado, como debêntures, CRIs e CRAs, observa-se uma redução no apelo relativo em comparação com os títulos públicos, devido aos spreads mais apertados. A forte demanda por esses papéis tem levado empresas a emitir dívidas com prêmios cada vez menores em relação ao Tesouro Direto.
Diante desse cenário, a preferência recai sobre os títulos públicos, com o crédito privado sendo utilizado como instrumento adicional de diversificação, desde que o investidor realize uma análise de risco criteriosa ou acesse o mercado por meio de fundos especializados. A análise cuidadosa dos emissores é fundamental para quem investe em debêntures ou outros títulos de crédito privado, evitando papéis de empresas em setores cíclicos, como o varejo.




